sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Balanço

Organizadores do 1º Festival de Teatro de RP
apresentam balanço e discutem nova edição do evento


Na quarta-feira (17), a Secretaria Municipal da Cultural, Fundação Dom Pedro II e Sesc Ribeirão apresentaram o balanço do 1º Festival de Teatro da cidade com a realização do “Fórum de Política Pública de Teatro para Ribeirão Preto", no auditório da Casa da Cultura.
No encontro, representantes dos parceiros na realização do Festival junto ao Conselho Municipal de Teatro e companhias teatrais discutiram a realização deste primeiro evento e novas ações para o segmento na cidade. A secretária da Cultura, Adriana Silva, também apresentou o balanço de público do evento, que reuniu 6.529 pessoas nas 14 apresentações gratuitas realizadas em teatros e praças de Ribeirão Preto, entre 7 e 17 de novembro.
Os temas discutidos no Fórum incluíram a criação do Plano de Desenvolvimento do Teatro de Ribeirão Preto e propostas para a segunda edição do Festival. “Um dos aspectos motivadores para a realização do 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto foi fomentar a cultura por meio do desenvolvimento e qualificação dos grupos teatrais da cidade. Posso afirmar que alcançamos nosso objetivo e trabalharemos os pontos necessários para a próxima edição”, avalia Adriana.
Lançado em setembro deste ano, o Festival inédito na cidade, organizado pela Prefeitura de Ribeirão Preto, Fundação Dom Pedro II, Secretaria da Cultura e Sesc Ribeirão, contemplou 14 companhias ribeirão-pretanas de teatro, selecionadas para o evento com o incentivo de R$ 2 mil a cada uma. “Foi uma forma de darmos oportunidade e desenvolvermos os talentos de nossa cidade, oferecendo ainda entretenimento e cultura às pessoas”, comenta o diretor do Departamento de Atividades Culturais da Secretaria Municipal da Cultura, Valério Diass. Além dos espetáculos gratuitos, o 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto também promoveu quatro oficinas artísticas para atores, escritores e estudantes e um Café Filosófico com a dramaturga Viviane Dias.
Para a prefeita Dárcy Vera esta é uma iniciativa que valoriza a arte e a cultura local. “O Festival atende a necessidade de garantir a chance aos artistas da cidade de mostrarem seu trabalho, assim como permite que a população tenha acesso à cultura”, afirmou a prefeita. “Este é o primeiro de muitos festivais que virão e com certeza será mais um evento que movimentará a cultura e o turismo na cidade” completou.


Responsabilidade social

Além de promover a cultura, o 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto trouxe no dia 12, o espetáculo “Othelito”, da Cia. Vagalum Tum Tum, que arrecadou alimentos não perecíveis para o Fundo Social de Solidariedade da cidade.
A ação foi uma iniciativa do Sescoop/SP e das cooperativas BBCOP, Uniodonto,  Sicoobcocred, Credicitrus e Unimed através do programa Mosaico Teatral, que conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, do Fundo Social de Solidariedade, do Teatro Municipal,  da Prefeitura de Ribeirão Preto  e também da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo).
Ao todo foram 14 grupos de teatro se apresentando no Festival, entre ribeirão-pretanos e três convidados. Entre estes, estiveram, além de “Othelito”, a peça “Rockantygona”; e a Cia. Pia Fraus, com “Filhotes da Amazônia”.


Crítica

Para o ator formado pela escola de Arte Dramática em São Paulo (EAD/ECA/USP) e bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, Clayton Mariano, a proposta do 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto, é incrível. “A cidade merece este evento e possui demanda para sua realização. O Festival merece, inclusive, ser ampliado. Se faz necessário. Em primeiro lugar, atua como uma grande escola para todos os grupos de teatro que participam, o que já o faz muito positivo. Depois, consegue formar público, oferece peças gratuitas e isso proporciona um retorno para a companhias”, comenta o crítico convidado a participar do Festival.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Bandeira & Drummond" encerrou o 1º Festival de Teatro de RP

Na terça-feira, dia 17, o espetáculo "Bandeira & Drummond", da Companhia das Cenasmina, encerrou as apresentações do 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto. O encerramento aconteceu às 20h, no Theatro Pedro II, com a presença da madrinha do festival, a atriz Elizabeth Savalla, que participou da cerimônia de encerramento.


"Bandeira & Drummond", da Companhia das Cenasmina

O 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto reuniu 14 companhias teatrais da cidade, em apresnetações gratuitas feitas em praças e palcos, como os dos teatros Municipal e Theatro Pedro II. A média de público por espetáculo foi de 700 pessoas.


Madrinha: a atriz Elizabeth Savalla em bate-papo com as cias de Ribeirão


Cerimônia reuniu artistas e autoridades no Theatro Pedro II


E na noite desta quarta-feira, dia 17, a Secretaria Municipal da Cultura realiza o Fórum "Política Pública de Teatro para Ribeirão Preto", às 19h, no auditório da Casa da Cultura.

O encontro reunirá representantes da Secretaria da Cultura, Fundação Pedro II, Sesc Ribeirão, Conselho Municipal de Teatro e companhias teatrais para apresentar o balanço do Festival e discutir novas ações para o segmento na cidade.
Entre os temas que serão discutidos estão a criação do Plano de Desenvolvimento do Teatro de Ribeirão Preto, avaliação do 1º Festival de Teatro e propostas para a segunda edição do evento.

Dia 17/11
Das 19h às 22h – Auditório da Casa da Cultura
Fórum ”Política Pública de Teatro para Ribeirão Preto

FOTO: Amigos da Fotografia

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Histórias de Lenços e Ventos", da cia. Triope Teatral

Por Lizette de Negreiros


"Histórias de Lenços e Ventos", da cia. Triope Teatral

Na segunda-feira (15), a conversa com o grupo Triope Teatral, que apresentou o espetáculo “Histórias de Lenços e Ventos”, no Theatro Pedro II, foi muito importante porque a discussão foi saudável, com a presença de várias pessoas que fazem teatro em Ribeirão Preto.

Pudemos falar sobre princípios básicos do fazer teatro para crianças ou “fazer teatro” para todas as idades, levando-se em conta que o estar no palco representando não é coisa fácil.

Durante a conversa, o grupo entendeu os apontamentos feitos ao espetáculo e isso já é um bom princípio de quem quer acertar naquilo que está se propondo a fazer.


** Lizette de Negreiros é atriz e trabalha no Centro Cultural de São Paulo na área infanto-juvenil, desde 1987. Premiada por sua atuação nessa área, incluindo o prêmio Moliere. Participa todo ano do “Festival Internacional de Teatro Infanto-juvenil – Utopia ou Realidade”. E veio a Ribeirão Preto, convidada a participar do 1º Festival de Teatro da cidade.

FOTO: Amigos da Fotografia

"Andanças", da cia. Teatro de Andarilhos

Por Cynthia Margareth

"Andanças", da cia. Teatro de Andarilhos


O grupo de Teatro de Andarilhos parou os transeuntes no Calçadão da Praça XV de Novembro na manhã do sábado, dia 13, em que São Pedro colaborou e a chuva que parecia que não ia cessar, surpreendentemente, parou.

Nada atrapalhou a concentração e energia dos atores que souberam incorporar as interferências  inusitadas que o trabalho na rua proporciona, por exemplo: um carro de policia passando no meio da cena compôs a pregação de um dos atores que citava o trecho bíblico em que o mar se abriu, a manifestação de uma mulher da plateia simulando que estava chorando já fez com que ela se transformasse em parente da personagem que estava sendo velada.

Envolveram a plateia e mudaram o percurso de alguns que resolveram desviar de seus caminhos para seguir em “Andanças”, para acompanhar as histórias e as canções desses andarilhos.

Através de cenas que podem ser vistas separadamente, resgataram histórias de avós, crenças populares, figuras folclóricas e bíblicas.


Crítica

Dentre os comentários no bate-papo com o grupo, ficou a indicação de que explorem cada vez mais as possibilidades de teatralização que a rua oferece e que aproveitem ainda mais a improvisação e relações com o público.

A cima de tudo fica o desejo de que “Andanças” percorra muitos caminhos, invada a trajetória de muitas pessoas e que assim afetando e sendo afetado o espetáculo continue crescendo e se transformando.


** Cynthia Margareth é atriz, integrante do Núcleo Feverestival e produtora do Lume Teatro – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa Teatral da Unicamp. Crítica convidada para o 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto.

FOTO: Amigos da Fotografia

sábado, 13 de novembro de 2010

Fim de semana

Entretenimento garantido em Ribeirão Preto com a programação gratuita do 1º Festival de Teatro da cidade. Confira e programa-se.



Sábado (13)
10h - Andanças - Teatro dos Andarilhos - Esplanada do Pedro II
20h - O Assassinato do Anão... - Cia do Estômago - Teatro Municipal
14/12 Domingo
14h - São Jorge e o Dragão - Cia Cornucópia - Theatro Pedro II
20h - Mohamed: A Versão Não Autorizada da Arca de Noé - Cia Balaço do Baco - Auditório Meira Jr
20h - Vestido de Noiva - TPC - Teatro Municipal
Segunda
14h - História de Lenços e Ventos - Triope Teatral - Theatro Pedro II
20h - Mulheres da Silva - Núcleo de Teatro Queratina - Auditório Meira Jr
Terça
14h - Carestia - Cia Cornucópia - Theatro Pedro II
20h - Bandeira & Drummond - Companhia das Cenas - Theatro Pedro II
Quarta
19h - Fórum Política Pública de Teatro para Ribeirão - Casa da Cultura
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Convite


No encerramento do 1º Festival de Teatro de Ribeirão Preto, a Secretaria Municipal da Cultura realiza na quarta-feira (17) o 3º Fórum ”Política Pública de Teatro para Ribeirão Preto", às 19h, no auditório da Casa da Cultura.
O encontro reunirá representantes da Secretaria da Cultura, Fundação Pedro II, Sesc Ribeirão, Conselho Municipal de Teatro e companhias teatrais para apresentar o balanço do Festival e discutir novas ações para o segmento na cidade.
Entre os temas que serão discutidos estão a criação do Plano de Desenvolvimento do Teatro de Ribeirão Preto, avaliação do 1º Festival de Teatro e propostas para a segunda edição do evento.

Dia 17/11
Das 19h às 22h – Auditório da Casa da Cultura
3º Fórum ”Política Pública de Teatro para Ribeirão Preto

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Artigo

“RockAntygona" é um espetáculo
híbrido, corajoso, ali entre o litúrgico
e o profano



Adaptada da obra de Sófocles, a peça consegue o improvável, é uma legítima tragédia grega, mesmo sem ser uma legítima tragédia grega.
O diretor Guilherme Leme vai direto ao ponto, contando com a aquiescência do espectador opta por contar a história de Antígona de forma reduzida. Numa opção radical, a direção deixa em cena apenas três personagens do enredo (além do narrador e DJ). Com essa escolha arriscada a peça ganha em ritmo e densidade, além de não cansar o espectador. A História de Antígona é bastante conhecida e é contada numa espécie de prólogo pelo narrador: Antígona é filha de Édipo (homem que teve um relacionamento com a própria mãe e ao descobrir isso mata o pai e fura os dois olhos). Seus dois irmãos Etéocles e Polinices herdam o reino após a morte do pai e combinam de se revezarem no poder, mas Eteócles após o primeiro ano não cede o trono a Polinices. Este se muda para Argos (cidade inimiga) e obtém o apoio do Rei de lá para fazer com que Eteócles lhe entregue o reinado. Após uma briga, os dois irmãos são mortos um pelo outro. Creonte, irmão de Édipo, assume o poder e determina que Polinices não tenha direito a ser enterrado, pois lutou contra a cidade de Tebas e que Etéocles seja sepultado com toda pompa e circunstância. Antígona desobedece à lei e enterra o irmão e é condenada a morte mesmo sob os fortes protestos do filho de Creonte.

Centrando fogo somente nesses três personagens a trama é um concentrado poderoso da tragédia de Sófocles.
É uma peça adulta, sem nenhum tipo de maneirismo para agradar o público. Muito pelo contrário, é uma peça provocativa, tanto pela linguagem utilizada pela direção quanto pelo tema atualíssimo.
Utilizando-se de técnicas expressionistas, brechitianas e pós-dramáticas, o espetáculo “RockAntygona” é totalmente iconoclasta.
Absolutamente tudo o que está em cena tem algo a comunicar:

-  A iluminação de  Tomás Ribas é simplesmente um deslumbre, praticamente a peça inteira se desenvolve em núcleos muito bem determinados, ideia reforçada pela utilização de equipamentos de luz (elipsoidal) que só foca o que interessa à cena naquele momento deixando todo o resto escuro.

- O cenário é simples e é composto por um tortuoso caminho de pedras, uma mesa enorme, uma cadeira de escritório e várias persianas. Apenas o essencial, nada falta, nada sobra.
- Os figurinos são mesclados. Os dos homens remetem à atualidade e possuem certa aura militar. Já o de Antígona é do passado. Uma concretização dúbia interessante.

- A trilha sonora é agressiva, pontual, indo de rifles de guitarras e tambores à música de grupos como Portishead. É a responsável pela aspecto estranho do espetáculo, tecendo ora comentários irônicos sobre a cena, ora trabalhando no clima soturno e arrebatado da montagem.
- Os atores possuem atuações equilibradas e cerebrais, mantendo o ritmo de fala e voz exigido numa boa peça trágica. Luis Mello é Creonte, o tirânico Rei de Tebas, sua atuação é madura e apaixonada. Não chega a ser uma surpresa para quem acompanha sua carreira no teatro. Larissa Bracher faz uma Antígona agoniada, tensa, ritualística. A primeira cena do espetáculo em que vemos a personagem num lamento pelo cruel destino de seus irmãos, de si mesmo e também de Tebas, é chocante. A atriz consegue transmitir toda a perturbação necessária, sem dizer uma única palavra. É uma cena arrepiante. Em certos momentos vendo Larrissa Bracher atuando, me lembrei das descrições de Bertolt Brecht sobre a atuação de sua mulher Helene Weigel. No entanto, para mim, a grande revelação desse espetáculo é Armando Babaioff, ator que eu só conhecia de seus trabalhos na televisão. Seu Hémon é o grande ponto de conflito na peça. Ele atua na tropa militar do pai, mas tenta defender Antígona dos desmandos e desvarios do pai. É um papel difícil, que exige um grande ator, que domine os meandros do poder, mas que também tenha sensibilidade ao apelo do desespero de Antígona e da população que é contra a morte dela, mas que se cala com medo das tiranias de Creonte. A cena em que o personagem Hémon entra em cena é caótica, muito bem pontuada pela excelente trilha e pela poderosa iluminação. Um elipsoidal pisca constantemente enquanto o ator se contorce inteiro. É uma cena expressionista digna de um filme de Murnau (se ele fosse vivo e estivesse ainda produzindo). É uma das cenas mais eletrizantes que já vi no teatro. Quando Babaioff entra em cena, seus gestos duros e extremamente marcados chamam a atenção. Depois da conversa com o pai, onde tenta em vão salvar a vida de Antígona, Hémon já não é mais o mesmo. Está alterado pela força das circunstâncias e é nesse momento que acontece a cena mais linda de todo o espetáculo: o ator Armando Babaioff repete todo o gestual inicial militar do inicio da cena só que agora em câmera lenta. É uma cena rápida em sua duração temporal, mas que dá a dimensão existencial do personagem. É nessa movimentação aparentemente banal que o personagem aceita o seu destino.
Aliás, o destino é a personagem principal dessa montagem, muito mais que Antígona ou Creonte ou o Rock da trilha.

Os personagens parecem ser “joguetes do destino” (citação roubada de Shakespeare), por mais que queiram brigar com o imponderável chega uma hora em que aceitam e cumprem suas sentenças de vida e morte. A peça toda é meticulosa e cerebral como uma partida de xadrez: O povo é representado pelos Peões, Creonte representa a figura do Rei, Hémon é o Bispo e Antígona é a Rainha e são seus movimentos em linha reta ou em diagonal que acabam por dar xeque-mate ao Rei. No entanto, nesse jogo de xadrez que é “RockAntygona” não há vencedor.  Ao final, as persianas tingidas de vermelho pela iluminação mostram que com o Destino não se brinca e que mesmo tantos séculos depois de escrita, essa tragédia grega ainda é tão atual, principalmente em se tratando de Brasil e sua democracia para estrangeiro ver.

Enfim, poderia escrever muito mais sobre essa maravilhosa montagem, mas fico por aqui. Não sem antes parabenizar a todos os envolvidos no 1° festival de teatro de Ribeirão Preto, especialmente o pessoal do Sesc-RP pela vinda desse espetáculo (na mais pura analogia da palavra espetáculo).
Muito obrigado!


Parabéns para todos que trouxeram essa peça. Maravilhosa.
Por Mateus Barbassa